Fresagem, Torneamento ou os Dois? Como Projetar Peças Técnicas de Forma Mais Inteligente

Na hora de fabricar uma peça técnica, escolher o processo de usinagem adequado é uma das decisões mais importantes, e muitas vezes subestimadas. Fresagem, torneamento ou a combinação dos dois?

A escolha depende de fatores como geometria da peça, tolerâncias exigidas, tipo de material, custo e volume de produção. Mas, além de entender cada processo, o projetista precisa saber como desenhar peças de forma otimizada, evitando setups desnecessários, reduzindo custos e garantindo prazos mais competitivos. Neste artigo, explicamos as diferenças entre fresagem e torneamento, quando usar cada um, quando é inevitável combiná-los e trazemos dicas práticas de Design for Manufacturing (DFM) para que projetistas juniores e estudantes consigam projetar peças melhores.

O que é Fresagem?

A fresagem é um processo de usinagem em que a ferramenta de corte rotativa (fresa) remove material da peça bruta, que está fixada à mesa da máquina.
A fresa se movimenta nos eixos X, Y e Z, permitindo criar superfícies planas, cavidades, canais e geometrias complexas.

Vantagens da Fresagem:

  • Usina superfícies irregulares ou complexas.
  • Alta versatilidade para protótipos e peças com múltiplas faces.
  • Ideal para cavidades, furos, rasgos e ranhuras.
  • Maior liberdade para geometrias 3D.

O que é Torneamento?

No torneamento, a peça gira em alta velocidade enquanto uma ferramenta de corte estacionária remove material ao longo do eixo de rotação. É o processo ideal para peças cilíndricas ou simétricas em torno de um eixo, como eixos, buchas e pinos.

Vantagens do Torneamento:

  • Maior produtividade para geometrias circulares.
  • Excelente concentricidade e acabamento superficial.
  • Tolerâncias mais apertadas em diâmetros.
  • Custos mais baixos em peças simples e seriadas

Comparativo entre Fresagem e Torneamento

CritérioFresagemTorneamento
Movimento principalFerramenta gira, peça fixaPeça gira, ferramenta fixa
Geometria idealPrismática, cavidades, geometrias 3DCilíndrica ou simétrica em torno de um eixo
Volume de remoção de materialMédio a altoAlto, ideal para remoção rápida
Tempo de setupMédioCurto a médio
Custos operacionaisMais altos pela versatilidadeMais baixos em peças cilíndricas
Produção em sérieMenos indicado, exceto com automaçãoAltamente indicado
Acabamento superficialBom, com ferramentas adequadasExcelente, especialmente em superfícies cilíndricas

Quando usar cada processo?

Use Fresagem quando sua peça:

  • Possui cavidades, canais ou bolsões profundos.
  • Tem múltiplas faces com detalhes em diferentes planos.
  • Requer furos angulados ou rasgos especiais.
  • Precisa de liberdade de design 3D.
  • É feita em materiais de difícil usinagem, como titânio ou Inconel.

Use Torneamento quando sua peça:

  • É simétrica em torno de um eixo (ex.: eixos, pinos, buchas).
  • Exige tolerâncias apertadas em diâmetro e concentricidade.
  • Requer acabamento superficial de alto nível em superfícies cilíndricas.
  • Será produzida em grandes volumes com foco em custo.
  • Apresenta geometria simples e repetitiva.

E quando a peça exigir os dois?

Muitas peças técnicas complexas precisam de operações combinadas de fresagem e torneamento, especialmente quando reúnem áreas cilíndricas e prismáticas.

Exemplos:

  • Um eixo com chavetas ou canais fresados.
  • Uma flange com rasgos de fixação além do perfil circular.
  • Uma peça cilíndrica com furos inclinados ou roscas transversais.

Atenção: cada vez que a peça passa de um torno para um centro de usinagem (ou vice-versa), ocorre um novo setup. Isso aumenta o custo, o tempo de fabricação e o risco de desalinhamento. Por isso, sempre que possível, projetar peças para um único processo reduz custos e prazos.


Como projetar peças mais fáceis e baratas de usinar?

Aqui estão algumas boas práticas de DFM (Design for Manufacturing) aplicadas à fresagem e torneamento:

1. Evite processos combinados desnecessários
Cada setup adicional significa mais tempo e custo. Se a função da peça puder ser atendida com um único processo, melhor.

    2. Prefira geometrias torneáveis
    Peças simétricas em torno de um eixo são mais rápidas e baratas. Sempre que possível, mantenha o design “torneável”.

    3. Minimize features complexas
    Rasgos, furos angulados e cavidades não essenciais só aumentam o custo. Avalie se cada detalhe realmente agrega funcionalidade.

    4. Atenção às tolerâncias
    Tolerâncias muito apertadas (ex.: ±0,05 mm) podem dobrar o custo em relação a tolerâncias médias (±0,1 mm). Use apenas quando realmente necessário.

    5. Padronize dimensões
    Prefira diâmetros e furos padronizados, compatíveis com ferramentas comuns. Isso reduz tempo de setup e troca de ferramentas.

    6. Considere o acabamento desde o início
    Precisa de superfície polida em eixo? Então torneamento é a escolha natural. Já superfícies planas finas podem ser fresadas com bom resultado.


      Conclusão

      Fresagem e torneamento são processos complementares, e entender suas diferenças é essencial para projetar peças melhores. Para projetistas juniores e estudantes, a lição principal é: quanto mais simples e torneável for a geometria, mais barata e rápida será a fabricação. Peças que exigem fresagem e torneamento ao mesmo tempo certamente podem ser produzidas, mas custarão mais em tempo e recursos. Por isso, otimizar o projeto desde o início é a melhor forma de garantir desempenho, precisão e custo-benefício.

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